sábado, 26 de janeiro de 2008

Crítica de Marina sobre desmatamento perturba governo

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

À Luz do Teatro Esforço 1

Fixo-me no esforço de seus corpos, meio à vibração do ar condicionado do teatro, frente à platéia ainda vazia. Fico os olhando: são mais importantes que palavras que não dizem agora. Eu é que digo, porque estou escrevendo para eles. Sou jornalista, e escrevo para teatro pela primeira vez!
O silêncio no palco( assistidos pela faxineira, a Neyde, atrás da poltronas) não é igual ao silêncio da sala de espera. Acho que o Zito está chegando lá. É nosso músico, e sonoplasta. Ele chega. Neyde rapidamente o olha
Tonho e Tônia estão sob luz tênue do Marcello, nosso iluminador, que, inquieto, aí vai começar a mexer na luz.
Os cabelos de Tonho caem à testa; olha para a frente à procura de expressão sem muita preocupação imediata. As cadeiras da platéia imóveis. Tonho está sempre atento.
Os cabelos de Tõnia são pintados de louro " por causa da moda ", ela já disse, debochada. Ela, aliás, é quem conseguiu o patrocínio de uma rede de supermercados. Isso é incrível, Tonho sempre comenta e ela passa as mãos nos cabelos curtos. Sabe-se lá o que fez, eu digo para eles rirem. Ela baixa, firme, o arguto olhar.
Estão sérios. Tonho e Tônia, na boca da cena e eu no fundo do palco, folheio meio imóvel o objeto de cena "jornal". Eles estão se preparando.
Tônia levanta o rosto, rápida, à luz de Marcello se intensificar; logo as mãos de Tonho abrem-se e fecham-se. Estou quieto, ao fundo.
Os conheci de uma matéria que fiz sobre suas perfomances na rua para o jornal Semi-Urgente. É onde trabalho. E estreamos neste palco desta sala montada em casa histórica. Aqui estamos. Zito aparece na platéia, molhado; é que deve chover lá fora. Ninguém comenta, concentrados, seu atraso. Se apressa.
As frases de um jornal são cortantes, eu sei, mas o que escrevi sobre suas perfomances foi sobre eles serem artistas que transparecem no que fazem; publiquei eles serem gente livre por causa da arte. Publiquei no jornal e também no meu blog, o PROG. Depois trarei para cá, em outro capítulo. Zito subiu para a cabine e Tonho abre e fecha as mãos. Tônia articula os lábios mas não pus palavras, ainda.
No dia que se seguiu ao que a matéria saiu, Tônia foi à redação do Semi-Urgente. Tonho então ficou na calçada olhando para o tránsito; eu o vi, calmo, pela janela da redação enquanto Tõnia colocava fotos que não eram só deles sobre à minha mesa e scaniei algumas pro PROG. Ela as vezes sorria, outras seu lábios ficavam duros, firmes.
Ainda não nos conhecemos muito, mas às vezes parece. O Marcello intensifica a luz. Ele quer, ao mesmo tempo, insinuar uma luz amarela. Diz que esta cor quente, solar, é necessária referência da cidade do Rio de Janeiro e a quer, assim como daqui a pouco apagará todas as outras.
Tõnia mexe os lábios, dizia. Largo as letras grandes do jornal no chão. A luz de Marcello aumenta, aumenta. Vi o Zito agora entrar na cabine do som.
Tonho percebe o movimento labial de Tônia. Suas mãos apóiam-se nas coxas e vira bruscamente o corpo para o fundo do palco.
Publiquei fotos, também no PROG, deste movimento inicial do espetáculo-perfomance. Ensaiamos. Eles estão vindo para o fundo do palco!
Já aconteceu de me falaram muito de shows históricos, como Opinião com Nara Leão, Zé Kéti e João do Vale ao mesmo tempo que falam do filme Cabaret. Aproximo minha cara. Marcello agita os refletores. Vejam o nome no cartaz: Semi-Esforço: VISION, leia o cartaz na calçada.Veja! Venham!
Lá vêm eles, a abrirem os braços, correrem para o fundo da cena, a gritarem! Gritos do áudio ! Estranho ficou. Zito pré-gravou.
Muitos carros passam lá fora. Luz estramboscópica no palco. É aqui! Podem vir, motoristas!
Meus braços balançam-se, balançam-se, balançam-se na alucinação da luz; os deles se estendem para os lados. Se esticam para cima, para baixo, como se fossem bandeiras hasteadas para todos os lados. Braços esticados em sinal de prontidão. Como os do Redentor em que eles se inspiraram. Tônia quis essa referência. Eu publiquei uma imagem de Jesus no blog PROG. Só ele e uma frase embaixo sobre o amor vigilante.
Chegam à frente; balanço os braços no meio do palco do Teatro O Mais da Vida.
Os pés batem forte no tablado e podem ser ouvidos até por quem poderia estar na sala de espera, vazia e silenciosa. Lá fora os carros. Sinto a respiração e os meus braços vão parando. Pararam.
Uma criança, será que perguntaria como se pode escrever sob luz estramboscópica? Bem...falar este nome... E um adolescente?Prestaria atenção em como se pode fazer teatro acionado por uma tempestade de teclado? Preciso aprender a fazer teatro. Por enquanto penso em diálogos, em monólogos e eles propõem coisas, falo outras ( e Marcello e Zito também, apesar de ouvirem mais, mas quando falam às vezes é decisivo). Do nosso cenógrafo é de quem ainda não falei.
Atenção! A luz apaga e ouve-se o sonoplasta, o Zito, experimentar trilhas. O iluminador Marcello não está visível no momento.
A faxineira ao fundo da platéia, cabeça recostada nas mãos que seguram uma vassoura, pergunta se faltou luz. E surge a voz de Tônia gravada no áudio.
"Estamos num paraiso percorrido por rios de dinheiro cheios de taxas, gente levada por correntes de fim de mês e quadrilhas às suas margens, sob sol enlanguescente que nos faz tirar a roupa, e nos enlanguescer sob flashes mais rápidos que aviões." A voz dela pára e começa a dele, como eco, chiando "flashes"muitas vezes e ao vivo, não no áudio! Tônia sorri , como se tivesse dado certo o efeito. Discuto com ela este sorriso.
Esse áudio e a voz de Tonho demoram um tempo, até esfriar e, numa hora, caem no chão do tablado , com estrondo. A luz normal da sala de espetáculo se acende.
A faxineira se assusta. Odete toma um susto com aquela naturalidade crua.


Rômulo de Almeida Portella, julho/ agosto do nº 2007

URGENTE -Esforço 2

Sei que fala-se da vida de todas as maneiras e de suas formas. Forma sempre foi uma grande preocupação minha.Eles parecem dominar as suas. Têm formação circense mas o que sempre, sempre me espanta são suas origens, pois são diferentes.
Sei que o pai de Tônia é um historiador, sempre ligava para o teatro, um historiador de nome a quem ela trata com respeito, ma nun tom algo indiferente. Tonho não era procurado por ninguém, vivia muito ao seu lado.Morava longe, eu o achava um cara livre mas ao mesmo tempo sentia que sua liberdade não era nunca no momento agora. Mais parecia uma caminhada.Por que seria tão calado?
Fala-se muito da vida como se diz. Muito bem, muito mal. Falo aqui do esforço, de aventura e superação em Tonho e Tônia. A Aventura de quase não saberem onde estão e, por isso inventarem perfomances surpreendentes, não sei daonde tiram suas composições, sou jornalista e como pode a arte ser hoje revolucionária, e a pessoas também, como podem ser revolucionária de modo tão excepcional como eles propõem? Andam muito de mãos dadas. Nâo são um casal qualquer.
Conheci quando os entrevistei para uma matéria sobre suas perfomances nas ruas. Eles gostam do que noto neles, em todas as vezes, parecem ter um verdadeiro poder de alteração.
Para mim, buscam em exteriorizações um íntimo, diria.E uma cultura. Nem sempre os compreendo de imediato, quer dizer, eles são imediatos demais como aconteceu agora quando sairam do palco. Perfomances imediatas.
Acabaram de correr pelas passagens laterais da platéia com as mãos agitadas para cima e dizendo coisas. Acabaram de sumir.
Provisoriamente sumiram, pois o próximo quadro não estava ainda definido. Não está ainda. Outro quadro. Definido.
Ouvíamos, eu e a faxineira na platéia, ouvímos enquanto eu sublinhava as intenções de denúncia brasileira do espetáculo, de nós mesmos, no subtexto, letra por letra, nós ouvimos eles gritarem também, em off, eles mesmos, cada uma das letras das palavras que eu dizia e proferia!
A faxineira parada olhava para mim e ouvia eles repetirem tudo que eu dizia. A cada letra que gritam, a faxineira espera que voltassem logo. Quase aflita!Engraçada. Uma amiga.
De perfil, braços estendidos e colados à parede, a cor de seu uniforme cinza azulado gasto e minha nudez esperávamos. Voltam...
Precisamos ...vieram correndo. Correram. Chegaram. Estão chegando.
Vestem calças jeans, indigo, tradicionais e camisas de cineastas do cinema novo, de mangas compridas dobradas à altura dos cotovelos e correm. Ele com pulseiras que se agitam nos pulsos. Pulsos barulhentos ao agitarem bem as mãos.Ela agita as mãos, tendo um relógio grande no pulso.
Vêm, vêm pelas passagens laterais da platéia, por onde o público entraria, antes de sentarem-se às poltronas. Esbarram até no iluminador e no sonoplasta, este, o Tonico, gente boa, fez um gesto com o braço, reclamando. O iluminador riu, surpreso! E ainda passou a mão na cabeça de Tônia. Pareciam ter alguma intimidade.
Passam os cinturões largos nas haletas das calças e sobem ao palco, decididos, cabeças empinadas. Pés descalços. Estão no palco! Com muito barulho nas mãos!
Abrem e fecham as fivelas à frente da platéia vazia, os olhos definidos, rápidos, passam pela faxineira que começa a gritar como se num programa de auditório estivesse.
Inclinam-se para a frente, bem à frente, pés bem apoiados no tablado. Agitam muito os braços como uma cantora famosa fazia. Às vezes páram. E, continuam. Retomam suas hélices humanas. Sem música, sem áudio, sem luz especial. Sem uma palavra ando na passarela lateral da sala de espetáculo.
Posturas firmes,inclinados, radicalmente à maneira guerreira de shows de protestos longínquos, rigorosamente sustentadas por seus corpos. Não param, incrível!
Examinativo, chego à primeira fila; os olho, de baixo, na platéia.
Impávidos na boca de cena do palco do Teatro O Mais da Vida numa produção em processo, depois de tanto atuarem em ruas, quase moleques. Como conseguem? Ah, me digo, minha mão apertando o queixo, os filhos da puta, e rio sem demonstrar.
Não me visto ainda e sento e apóio a cabeça no espaldar de uma poltrona da platéia. Fecho os olhos quase os vendo. Tenho este hábito, este costume. De abrir e fechar os olhos.
Entreabro as pálpebras quando começo a ouvir "ohs" e "úis" que chamaram a atenção de todos espalhados pelo prédio e redondezas. Se aproximaram de mim. Sairam do palco, depois de fazerem as hélices humanas e ficam passando, na minha frente, nas passarelas latgerais se dirigindo para as poltronas vazias
"Áis" e "ohs". Muitos!
Olho para trás. A faxineira boquiaberta e outras pessoas espiam. Fiz sinal para o iluminador não fazer nada, nada; nem o sonoplasta, dublê de músico. Levantei as mãos. Fiz sinal. Não façam nada.
Ainda não vira eles fazendo estes "ohs' e "úis", nunca! Muitos "ahs" e "úis", ainda não tinha visto nem ouvido isso! Depois da valentia do quadro do protesto e das hélices humanas, isso me deixou louco do coração.
Chego quase a levantar-me, estupefato, mas fecho as pálpebras de novo. Talvez uma música estragasse tudo. A iluminação tinha que ser natural, Marcello Guido olhou-me considerando que eu é que dirigia, ficou pensando naquela iluminação crua enquanto os "ohs" e "ahs" se repetiam com uma cadência de peito,com todo um gestual. Algo tão emocionante. E, surpreendente. Seguidas vezes. Andaram dando pulinhos. Ouvi os aplausos, atrás das poltrona. Claro de quem!
Com a ajuda do sonoplasta, imagino, conseguiram dois violões agora, quando saem de perto de mim, naturalmente, como se não fosse nada. Vão para a rua, um atrás do outro, pelos ônibus, pelas calçadas vão para a rua! Nâo acredito!
Eu não sabia... pensava que iam para o camarim...afinal tinha estado lá Há pouco. Então estão a cantar perto à mesas de restaurantes e bares? Que diz essa gente que me telefona a me comunicar isso? Ah, grito alto. AH fico trágico.
Então estão numa destas mesas, e alguém pode indignar-se por estarem cantando Beatles, vulgarizando tal repertório! Era possível. A companhia na cadeira ao lado de quem acharia isso, disse, soltando uma boa baforada, que não esquentasse com o "cabaret"!
Um outro, lateralmente, daria boas gargalhadas ao eles passarem em volta de outra mesa, desta vez desfilando, com primor e ironia, garantem, e eu acredito, versos de grandes sucessos de Buarque Chico!
Aí alguém gritará: moleques!
Todos os comensais se levantam. Os garçons todos de branco ficam parados.
Barulhos de cadeiras arrastadas poderiam ser ouvidas e o pessoal da cozinha, vizinhos acorrem para ver.
Meu Deus! Sou só um pequeno jornalista de jornal de bairro que quero que eles voltem para o Teatro O Mais da Vida e agora! Estamos num palco! Nâo foi para isso que ela conseguiu o patrocínio? Não quero saber de confusão de rua, não gosto de rua. Gosto muito da calma que sinto ao organizar um blog que mantenho e viver com o dinheiro que posso ganhar. Gosto de ficar nu agora!
E de pé, me contam que na rua eles surpreendem aos pedestres ao correrem com os violões sobre as cabeças, meio encolhidos, apesar de Tonho ser alto e bonito e Tõnia despachada e bonita. Mas é que são calados.
Chovia.
Preocupado, estou preocupado.
Aonde foram, meu Deus. Não sabia. Depois pediram que eu escrevesse onde. Eu não sabia. Eles é que tomaram rumo.
A espera era maior do que o teatro e poltronas. As caras que poderia encontrar se começasse a andar de um lado para outro! A espera era maior que os carros. Que os postes de luz. Que as árvores.
Estou nú. Olho de lado. Demoro-me muito de lado, à espera. E me visto.
No quarteirão,espalhados, a faxineira e seu uniforme gasto; o segurança e sua calça desbotada. O porteiro do prédio. Os taxistas e camelôs e toda uma variedade de camisetas iguais e celulares, cabeças raspadas...tatuagens de gente que podia estar ali na frente!
Todos, todinhos, como os jornais não noticiariam, todos, ficaram em frente ao Teatro O Mais da Vida, como está escrito no grande cartaz um pouco acima das árvores que não estão sendo agitadas pelos ventos agora; cartaz onde ainda não está Semi-Esforço anunciado em letras grandes.Nem seus nomes, nem o meu. Na calçada que está molhada. E o nome SEmi-Esforço não é ainda visível, exibido.
Só uma brisa.
Vêem eles passarem pela frente do teatro com os violões debaixo do braço e os acompanham com suas cabeças num movimento quase único, de todos. Silenciosos.
Imploro se secarem. Imploro. No camarim sentam-se, cotovelos, braços e antebraços apoiados pelas mãos nas coxas. Nas suas cadeiras não dizem nada, lá. Nem eu, cá. Tenho vontade de falar muito, mas são dessas pessoas que não ligam mesmo se reclamam delas e não quero me aborrecer. Costumo ser calmo, preservar minha paz apesar de tantas vezes me ver envolvido por agitações.
Vou, vou ao camarim. Providencio com alguém que espia uma toalha e fico falando baixo coisas da minha vida,só não choro. E falo o que estavam fazendo. E marco a hora do ensaio para amanhã cedo. Digo num tom meio professoral e, sem mais delongas, fricciono a toalha em seus pêlos, em seus sexos. A equipe pergunta-se sobre o que tinham feito mesmo.
Tonho, mais alto, afasta os cabelos que lhe caem à testa, até espirrou e Tonia passa a mão, quase como uma espátula, no seu corte de cabelo Jean Seberg. Olham para o lado como se não fossem com eles, além de não dizerem nada. Claro.
A faxineira se inclina e fica ao lado, de frente sem disfarçar curiosidade, espanto. Ela pede licença e os ajuda a vestirem os bermudões e camisões nos quais custam a achar o lado direito. Eu fico a esperar, passo as mãos na barriga, com fome. Passo a mão na nuca. Pessoas espiam.
Estão às voltas agora com a procura das casas para os botões. Confirmam a hora, balançando as cabeças. Verdadeiros avatares do meu Second Life. OLharam para mim depois de pensar isso. Nos sorrimos.
Saí do camarim e olhei para o palco, uma luz o guardava. Ouvi o barulho de nós cairmos no palco, do estrondo na madeira. Mas por que m lembrava agora mais disso do que de seus rostos iluminaos e seu movimentos corporais relampejantes?
Sempre cismo como a arte engrandece, ou minimaliza a vida em sentido temático, formal, ultrapassando as fronteiras. No nosso caso, temáticamente, eu queria, e eles estavam neste movimento,um espetáculo desenfreadamente impulsivo. As formas perfomáticas deste espetáculo eram uma força em que eles investiam. Eu entendia que Tônia, filha de um historiador, achava no corpo um meio imediato, e de todo o dia, para plasmar, não uma violência cênica, mas um confrontar-se com nada sutis situações e subjetividades do país.Olhei para trás. Esperei para sairmos juntos.Comigo.


(continua em posts lá em cima

Festa e Cama

respondo.Depois descemos as escadas amplas do Teatro O Mais da Vida.Quando saimos silenciosos do teatro olhamos para o cartaz um pouco acima da altura das árvores naquela calçada.
Pensei quando nossos nomes estivessem no cartaz, em Semi-Esforço.
Ando com as mãos nos bolsos meio a muitas roupas do mundo e fico meio afastado porque estou de pau duro, acho que eles notam e comentam que as calças são feitas para isso mesmo e riem. Olho para Tonho e me orgulho de estar assim, então e com tanto barulho que se faz na rua, gostei de ouvir suas vozes baixas e não ligo mais.
Andamos juntos e o sonoplasta e o iluminador passam à nossa frente e acenam como dizendo que estávamos no mesmo barco e saíamos para tomar um sorvete, refrescar a cabeça. O sonoplasta tem cabeça pequena. O iluminador, pernas grossas.
A iluminação pública começa a ser acessa e as árvores parecem mais escuras a esta hora porém.
Bombas estouram nos morros próximos e jornais parecem estarem de acordo. Crianças, moleques não vão ficar nunca idosos. Qualquer pessoa, se perguntada, faz doce, se assusta mas dá opinião. È que ele pára ,ás vezes, e faz perguntas!
Não acredito!Opinião! Estou de um jeito ...
Tonho ouve bem à vontade a prosa. Pesquisa de campo porque amanhã poderíamos compor o esquete sobre as tecnologias avançadas de imagens no dia a dia. É. Quero um texto para ele,Tonho, mas não sei.É como se não soubesse de nada, às vezes, mesmo. Só o espanto.
Tonia anda calada à margem do trãnsito desenfreado. Barulhento. Violento. Sem abrir a boca, interrompeu tudo. Eles quase não falam, mas aprendo que suas atitudes lhes são vitais.
Ela pega de sua grande bolsa, ou sacola, um embrulho, destes de presente e o estende para mim. Fiquei tão sem graça mas feliz disse "querida..." O embrulho está em minhas mãos e...fecho as pálpebras.Ah, ela faz uma cara de reconhecimento.Fofa.
Seu braço cae em seguida, com grande vontade, ao longo do dorso, suas mãos ainda balançam.
Muda o peso do corpo de uma perna para outra.
Está num colant.
Ele passa a mão em meu cabelo.E alto que é, sorrio tanto que, naturalmente, fecho as pálpebras. SAbendo que eles sabem como estou, não sei, talvez saibam que estou bem,também, com eles. Contente. Nunca tinha escrito para teatro, levo uma vida até calma. No jornal onde trabalho chego a ficar horas sentado à janela...é...
Batatas das pernas à mostra, eles andam.
Estou de calças, como já disseram e com o presente dela nas mãos ando com passos firmes, todo bobo.
BAtatas das pernas à mostra, eles andam.
Chego à porta do meu apê, ouço um burburinho. É sim. Um burburinho. Aperto o senho entre as sobrancelhas e inclino a cabeça de lado; ocupo de pegar a chave da porta nos bolsos.Toco no meu pau que já está mais mole. Ao abri-la, quem estava na sala volta-se para mim e um AH, longo, percorre o meu apartamento, até a mim, pois meu blog PROG, o BRUCTUM foi citado num concurso de um dos provedores gratuitos, o OLÁ!
Meus textos, sérios, e não, e imagens coloridas e preto e branco, e granulações e texturas variadas honrados por uma empresa do porte da OLÁ e pelos eleitores, minha gente!
Acredito? Meu AH vai para eles até à janela.
Apertei as mãos. Vibro. Gritam.
Penso em Tonho e Tonia quando souberem. Devem estar fazendo perguntas na rua. Preocupo-me com eles, a partir de hoje à tarde. As pessoas que se mostram muito, principalmente suas precariedades, sei, são fortes. Mas há precariedades, não sei porquê, cismo.
Bem, aperto as mãos de meus próximos. Todos riem.
PROG é composto por matérias como "Quem Tem Medo dos Olhos Urgentes De Leilane Neubarth", sobre os lares quando destelevisionados. E outros como o forte, polêmico "Demoiselles d'Avignon, de Pablo e a Sacanagem no Moderno Brasil". Um texto uno, quase único mesmo, e incisivo, endereçado, explicitamente, às várias revistas especializadas no assunto.
Seria indelicado da minha parte só me referir com poucas palavras (e quais?) a outros textos. Todos têm espaço no blogspot. No silício. Era só clicar.
Cli-car, silabo, com sorriso. Riem, riem muito e eu levanto os braços, mãos apertadas, sacolejo elas. Sigo para meu quarto, mais o embrulho de presente. Páro um pouco à porta. Páro um pouco. Estranho.
A música começa, selvagem. Um grupo conversa, num canto, entre a cozinha e a sala, sobre a realização contemporânea. Dizem até que o que digito em PROG, o BRUCTUM é veraz e indiscutível. Uma mulher sozinha fuma e um homem sozinho fuma, encostados à parede. Um rapaz de sunga azul tira fotografias. O quarto está escuro e não fecho a porta.
Alguém, cubista, levanta o braço. Abaixa os braços. Pula com a música que reverbera pelo prédio e toda periferia sabe disso. Toda a periferia solta fogos.
Tonho e Tonia a examinar, calados, revistas na banca de jornal da avenida. Sei, imagino, porque desde que os conheço da matéria que fizemos para o jornal do bairro noto como se atraem por textos e escritos e também, conversamos um pouco, que deveríamos dar uma guinada no roteiro a partir de agora. Eles falam pouco. Eu não.
Dentro do meu próprio quarto e, olhos seguintes, vejo. Títeres revolucionários! Depois de desembrulhá-los do papel de presente, e o delicado e característico som provocado pelo papel eu ouvir, estão nas minhas mãos. Os títeres revolucionários...
Que descansaram nas minhas mãos calejadas. Ninguém da sala via porque pulam, compulsivamente, ao som altíssimo mas a porta está semi-aberta. Me senti reservado com eles, no escuro.
Lá, na estante, o papel de presente recém-desembrulhado ao lado de livros semi-imóveis, fabulares, lá coloquei, depois de tocar no feltro dos títeres revolucionários com muita, eterna emoção, um presente deles! Na estante! No escuro!
Sim, presente deles.
Na estante. No escuro. Vejam só: onde acharam aqueles títeres revolucionários de feltro? Poderiam ter mandado fazer ou Tonho ou Tonia seriam mesmo habilidosos e...de qualquer maneira agora sei: eles querem que os veja como títeres revolucionários...bonecos que se mexem num tempo... Ela estendeu os braços e me deu de presente, especialmente, em momento sublime mesmo,urbano sim ...ele me acariciou a cabeça...e tudo antes de sairem com as barrigas das pernas à mostra. Me espanto, quase que como se estivesse de posse de um segredo.
Simplicidade algo bruta daqueles bonecos de feltro que me tocou o peito.
Títeres instigadores que por força dos desvãos da História Artesanal repousam, como se não mais estivessem à vista pública, no meu quarto! E eles estão na rua com suas barrigas das pernas à mostra!
Baticum, baticum solto na sala.
Tirei o baseado colado a meus lábios e joguei no chão.
Penso neles. É. Sempre falam pouco. Mas incisivos como uma idéia na cabeça e uma cãmera na mão! E estão na rua agora...e aquelas suas expressões intensas e vagas ao início hein? O que me falam disso? Ham?
Dou um, dois passos. Três. Coloco uma venda nos olhos que estava na gaveta da mesinha de cabeceira que continua aberta, perto, um pouco embaixo, da janela do quarto de onde se avista uma das novas maravilhas do mundo iluminada. Uma venda nos olhos.
A noite está tão fria, chove lá fora.
Eles devem estar correndo da chuva, sim devem estar.
Então o som da chuva, não sei, me abala e
Saio para o meio da festa na sala ao lado do meu quarto escuro.
Gritam. Uivam.
Estico os braços, mexo os ombros, balanço as mãos. Requebro. Ouço gritinhos e gritões, palavrões surpreendentes. Mexo os ombros.
Tanta música oh quanto alegria. Agradeço a todos. Urro.
Então, mais tarde, ando para meu quarto. Passo um pouco meus dedos pelas lombadas dos livros, um pouco. Pouso os olhos na prateleira, sob luz indireta, e delicado sorriso me vem para seus feltros, até o último visitante que sai apagar a luz.
Dou tchau. Tchau. Tchau, repito em voz baixa. O abajur ligo com vagar.
O último visitante pareceu me olhar um pouco mais, enquanto ouvia, ainda, o trinco da porta soar.
Eu ia olhar mas com a roupa que estou no corpo me jogo na cama. Só retirei os sapatos mocassim.
O ensaio ia ser cedo. O despertador é redondo. Uma luz clara da lua.
O último visitante, reconheço a voz no vazio da rua, gritou alguma coisa lá embaixo. Ele deve estar a olhar para cima. Não sei ao certo o que escuto, se
Adormeço.

Reflexões

O claro neorealista é diferente,faz diferença na História do Cinema, num momento de cinema não ? Está na própria margem, a câmera. É diferente de Antonioni, porém. No reorealismo se direciona o quadro para à margem da sociedade dos desvalidos e os põe, no quadro,ao centro do enquadramento narrativa.
Em Antonioni o enquadramento do espaço é o centro num cinema para os cantos dos personagens.Movimento depurado numa escola de momento do cinema quando uma vez a sociedade subentendida,os tempos dos olhares tomam o lento ritmo das montagem, dos planos. Cinema que se distancia da sociedade, cria não uma realidade ficcional mas observações, contemplação.

Doce pássaro da Juventude

Adormeceu.Antônio C adormeceu e tem passos na calçada escutados ainda a esta hora. Deve ter sido o mesmo cubista que a cada pulo que dava, enquanto dançava na sala, levantava um braço. Outro pulo, outro braço. Deve ser ele que olhou da calçada para a janela de Antônio C. Abajur na mesa de cabeceira transparecia o ambiente do quarto, morno e tranquilo enquanto a chuva caía. Deve ter sido ele que demorou a fechar a porta do apartamento de Antonio C, querendo lhe falar.
Os pingos da chuva caem da marquise daquele edifício sem fazerem barulho torrencial na calçada esburacada e de rachaduras e depressões que se estendem até o asfalto.
Aos pingos Tonho e Tônia ouviam, naquela noite, de olhos abertos. Seus olhos quase a se fecharem.
Tonho
Hein
Sabe aquela volta que você faz, quando apóia as mãos nas coxas, e curva-se para sua frente, dando costas para o público, antes de corrermos para o fundo do palco?
Sei, ele disse, sem tirar os olhos da revista que folheava.
Tá muito lindo. Quando você apóia as suas mãos nas suas coxas, e vira, bruscamente, gira sobre si mesmo, mãos apoiadas nas coxas,e, muda as posições das pernas, fortes, antes de ir até o fundo...
Sinto-me bem naquela parte. Também gosto quando você abre os braços e corre comigo até o fundo do palco. Repõe a revista Bondinho ( ou seria Trem?)na banca do jornaleiro.
E Tonho sacode a cabeça, estava encharcado de água de chuva.
Olha, em vez de só uma ida e volta, vamos fazer mais algumas? Até chegarmos à parte dos braços revolucionários...não sei direito, Tonho.
Seria repetitivo, talvez, Tônia. Ela ao lado dele. Ele passa a mão aberta no rosto dela. Ela recosta a cabeça em seu ombro, antes a mão passara rente aos seus cabelos à la Jean Seberg.
Como andaram e gritaram naquele duro dia! Duro.
O dia em que cantaram repentes (rostos confessam transparentemente)irônicos e debochados, até num restaurante chique não longe do teatro O Mais da Vida. É um dia. Foi, vê-se, em que a chuva torrencial cai por toda parte mas todo muito às vezes acostuma. Principalmente se à tarde parou um pouco. Só que ali, debaixo da marquise, parecem, abraçados, esperar passar tudo. Mas foi um dia em que o ensaio começou a exigir deles uma sutileza, e entrega, de que talvez fugiram ao dar aquela louca de irem cantar na rua.
Sutileza e entrega de Antônio C também, que apesar de ser tão verbal, eles já notaram que está dando tudo, muito, tudo de si. E não é fácil, quando se faz algo amorosamente na realidade, algo que para ser real mesmo deve exigir o que, ainda, não temos muito.
Sim, necessitavam de um movimento maior? É. Porque compreende-se mas que foi algo meio estabanado, porra louca, como se diz...deve ter sido(rostos olharam).
É. Foi um dia a ser registrado, também para a História, se quiserem, já que não foram castigados pela polícia quando ainda não tinha se inventado os bandidos. E na noite deste dia duro de canções na rua estão ali a ouvirem os pingos cair da marquise, serenos ao invés de só cansados.
Desencadeamos nossos "ohs" e nossos "ahs", somente. E os pingos caem da marquise. Só que Antônio C, no quadro do tombo cru no palco, e ao pular e falar muito da platéia, foi ainda mais radical até, vocês não sabem como ficou preocupado com vocês.
Não notou que quando recosta a cabeça na poltrona do teatro, de olhos fechados, e os abre, ele parecia estar afinado com o imaginário da dor e rebeldia? Tonho diz, pensando que ele deveria estar dormindo agora. É. Tonia passa as mãos nos cabelos curtos.
Tonho acha que Antonio C confia neles, até de olhos fechados, e à vontade.
Antonio C estava mesmo à vontade, se lembram também quando andaram juntos? .É que as coisas ficaram delicadas. Porque, Tõnia achava, os ensaios estão bem enlouquecedores.
Tonho repõe outra revista no lugar.
Antes de deixarem os pingos da marquise e, já com saudade dali, irem sob a chuva nua até outro abrigo nesta noite that had been a hard days night poderiam pensar, e começarem a pensar, que podiam trabalhar mais muitos outros comentários vivos, fatos...poderia ser.
Sim, foi o que Tônia ponderou enquanto passava, forte, suas mãos abertas pelos curtos cabelos, os espremendo com as mãos bem fortes para deixarem de ficar tão cheios de água. Muitos "ohs" e "úis"...dizia para Tonho, virando seu rosto para ele, fazendo seu perfil ser percorrido pela água que escorria.
Tonho tentou sorrir, mas vê-se que sua segurança é silenciosa.Só se uma outra ocasião, e circunstância,l he fizessem mais relaxado para falar
É, parecia mesmo que poderia ser assim.
Tonho agitou a cabeça, espalhando água, ficou forte sob os pingos da marquise.
E começaram a sair de lá.
Começaram a se despedir dos pingos que pareciam cair até certo ponto, da eternidade. Tonho piscou o olho, chupou o dedo onde um pingo caiu de despedida, pelo menos por enquanto, até ele voltar para comprar, numa outra hora, uma revista de que tinha gostado na banca ali. Numa hora. Depois mostrar para Antonio C, talvez. Era sobre o quê?
Correram por outro quarteirão, protegidos por um calhamaço de jornal O Globo que um conhecido ex-jornalista, morador de apartamento num 1º andar, lhes estendeu, passando pela banca,quando voltava para seu apartamento no 1º andar, não longe dos pingos da marquise que caiam ali, na calçada esburacada e de rachaduras e depressões que se estendem até o asfalto.
Tonho quando dormia costumava ouvir gritos à noite, da rua, de madrugada, que eram diferentes dos gritos teatrais mas que, pensou, poderiam ser assumiodos, numa espécie de A idade da terra. Antônio C diria, bêbado e livre das responsabilidade com os conceitos, e realidades. Era, veja bem, como aconteceu com a forma da chanchada porque identifica-se um primitivismo sem o aspecto lancinante de uma vanguarda européia e, Antonio C continuava numa destas noites, quando sentavam num bar, após ensaios, que tudo era uma zorra total, um grito, uma selva de pedra e cidade de Deus, paraíso. Ah sim, Tonho concordou com a cabeça como se assim mesmo fossem as coisas e bastava ele concordar, para querer outras. Que poderiam ser. Olhou para o lado, para longe.
Olhar longe, mas conciso, naquela noite num bar. Antonio C fumava muito e Tonho voltou-se para ele, sem cigaros e sem muito álcool, naquela noite num bar. E notou que seu amigo diretor estava à beira de precisar muito dele, naquela hora.
Tonho era conciso, passou a sua mão na dele, naturalmente, um olhar próximo. NAturalmente. Só em cena se pode dizer que ele é verdadeiramente um PROG, um Bructum. Ou naquela noite ou em outra tarde, quando, ao lado de Antonio C, e Tônia, sentiu um criador de PROGS e riu muito e foi quase sem modos!
Em suas sandálias de plástico correm atravessando a rua não sob trench-coats ou parapluies de Cherbourg. As sandálias de Tônia patinavam nas poças suas cores amarelas douradas, e azul profundo e eles davam juntos seus "ohs" e "úis".
Tõnia e Tonho corriam e seus olhos confiavam nele.Suas mãos segurando o calhamaço do jornal.
Corriam com os braços soltos, abertos para os lados. Parados agora e calados. Tônia parece ter uma consciência clara sobre o que faz. Ele tem consciência é de que a vida é longe.
Chegaram num abrigo de ponto de ônibus com pingos lhes cobrindo as faces e se as luzes das ruas brilhavam assim em seus rostos, gostaram sem mais comentários.
Seus braços quietos lateralmente. Ele não podia ir para casa dela, hoje à noite. Tõnia arranjava as coisas, mas hoje seus pais estavam recebendo e ela não queria ir para lá com aquela gente. Claro que Tonho diz "que que tem?!"
Um ônibus passa e dá um chuá de água sobre eles que, de pronto, recuaram, e se puseram a gritar uma marchinha carnavalesca " deixa a água rolar...as águas vão rolar"
Todos os olharam.
Ao lado tinha um cinema ainda aberto, com sessão à meia noite. Um filme francês de um diretor novo, Pierrot le Fou, estava anunciado. Fazia-se já uma fila.
...se entreolharam. Deram-se as mãos e foram saindo de mansinho do abrigo onde senhores e senhoras estavam meio zangados. Passo a passo, devagar, olharam o cartaz. Uma figura em pé,de braços abertos caía para a frente no seu vestido vermelho.
E comprados os ingressos, com o dinheiro curto de amanhã, sussuraram, no saguão da sala de projeção cinematográfica, como uma grande toalha azul felpuda ali fazia falta ( riram bem baixinho ali de Antônio C os enxugando no camarim do teatro O Mais da Vida onde ensaiavam o espetáculo-perfomance Semi-Esforço).
Um sino poderia ser ouvido na sala de exibição. O filme vai começar. Antes foram ao banheiro.
Ela de short branco, cavadíssimo, e cintura baixa, espera uma mulher abrir a porta,com as mãos por dentro do cós. Ele esperou um homem sair do mictório...e abre a braguilha.

Semi esforço

Todo mundo fala da vida

Para Tonho estava claro que no quadro sobre tecnologias visuais de ponta que daqui, a não muito tempo, estaria em todas as telinhas e encartes de jornal ( no jornal dado pelo ex-jornalista este deve ter ficado com eles, encartes)deveriam fazer qualquer coisa não debochando do consumo visual somente,não, de jeito nenhum, mas sim comporem físicos plásticos envolvidos com encartes e jornais e revistas que dissessem desta "roupa", dos novos "acessórios" da vida no dia a dia.

o CARTAZ

Dois performes apaixonados montam um espetáculo com comportamento dos anos 60...



O diretor, um jornalista, está fascinado por eles...



COMEÇA LÁÁÁÀÁÁ EMBAIXO o 1° Post e vai subindo ( ESFORÇO 2, 3 , 4 e aguarde as próximas postagens!)

ANTÔNIO C

Ele gosta, gostava de tudo e não percebia como as coisas lhe traiam, quer dizer,as perdia.O traiam porque talvez não exclusiva dele e seus tantos momentos. De forma que passou a ser quase um hábito não contar com elas.
Mas estava chegando um momento em que precisa contar, fazer, compor uma força. Esboçar uma representação, até vai ver sentir a força de proposições, e remontagens de tanta coisa que conhecia, mesmo longe da sua vista.
Estava um dia num banco d praia. Claro que perto de uma palmeira mas não fora de imediato para um quiosque.

trabalho de base

passos,ritmos, pausas são corpos. os pássaros os sabem. passos tão rápidos o ar, as árvores.
passo tão rápido.
o ar, as árvores. passos estão em casa.

copos de água.

pausas são corpos

passos sustentam os rostos. são riscos na travessia irresponsável das vias.

esperar.cuidado, passos lentos
num ponto onde ônibus passam.
passos com a idade
devagar com a louça

os ossos

passos cuidados
intensos e calmos

que correm,
passo o tempo necessário ao encontro de mãos. apertadas como também estaladas.

passos de dança. firmes e pequenos passos nas duchas. nas calçadas.freios dos carros.

pausas
passos pequenos passos


de madrugada.


pernas esticadas. massageá-los quando acordar.Ensaio.

No hotel (VISION) Esforço 6

Estou trabalhando de relações públicas num hotel que inaugura-se com prestígio na cidade pan-americana. Parece que não tem nada a ver comigo,parece. Mas é isso que devo fazer: parecer o gentil que uma empresa deve aparentar ser e eficaz, comunicante com os problemas apontados e divulgar as aparências, e soluções aparentes dentro de retórica de comunicação que nunca usei nas minhas atividades jornalísticas anteriores, muito menos na minha experiência em Semi-Esforço.
Encontrei Tônia ontem. Muito bonita mesmo. A mesma. Olhos pintados, cabelos sempre na moda e balagandães da mesma família dos que usou na perfomance cinemanovista!Só os anéis que não são mais tão exagerados. Perguntei sobre Tonho, há tanto tempo...
Ela foi reticente. Na verdade, da mesma forma que no tempo do Teatro O Mais da Vida. Reticente digo agora, porque nos ensaios sentia era sua obstinação. E re ticente da mesma forma, digo, porque a continuidade do espetáculo tomou rumos, hum, inesperados que não supunha mesmo. Eu tinha entrado na montagem por acreditar neles e a vendo agora, tanto como nos rumos que Semi-Esforço tomou, nada mudou quanto à minha admiração. Eles me despertaram não bem curiosidade sobre a vida deles, ou sobre a vida em geral. Não era bem isso. Só não digo paixão por ser um termo para o que não é um termo mesmo, não é uma palavra !A não ser se for uma poesia. MAs o que fazíamos não era poesia, nem jornalismo...
Tônia e Tonho em meu apartamento naquela noite, como já disse, não me causaram bem curiosidade. Isso é coisa de fofoca, eu acho. E não soou muito dado a estes interesses mudanos, a não ser que tenha aver comigo, não por informação somente de alguém comigo envolvido e tal. Seria dado à curiosidade como interesse, saber.
Tõnia não me falou muito naquela manhã, mas senti que "Quem tem Medo de Leilane Neubarth" tinha lhe tocado a razão, sei lá, a avida.
Nos dias seguintes, Tonia com muita,diria, tenacidade, mais que Tonho que, aparentemente, me parecia meio perdido meio a profusão de propostas que foram se incluindo na nossa pauta dramática Tõnia, e ele, foram propondo cenas, quadros que me encantaram! Muitas de fontes cinematográficas brasileiras. A chanchada que tinha se seguido às roupas teatrais de protesto cinemanovista seguiu-se a porno-chanchada em encenações que não deixaram de chamar a atenção da cidade. É verdade.
Uma Tônia sensual, erótica mesmo, veio à luz no Teatro O Mais da Vida naquela temporada de Semi-Esforço. Ela mais calcinhas, soutiens, meias sofisticadas no meio do palco que continuou nu foi o tipo de visão surpreendente naquelas cenas, meio infelizmente, inesquecíveis. Falo infelizmente para mim porque notava Tonho cada vez mais à vontade, mas não sei...

À janela (VISION) Esforço 5

Na redação do jornal não tem ar condicionado. Tem é uma janela que dá para uma encosta de morro por onde entra ar fresco. Vê-se o Corcovado,o Redentor.
Fico à janela. Olho para fora, depois de escrever. Sentado, deixo os braços sobre as coxas e a coluna menos tensa, não longe de um presente de eterno. A possibilidade de olhar protetora é criação a deixar-me crer num tempo maior, por luz que parecem estar envolvidos nossos esforços. Nossos esforços.Parecem crer, e muito, em força, de possibilidades maiores. O Cristo Redentor sente a cidade com sua cabeça e sem nos ver.
Largo-me um pouco de tempos que ninguém diz "duros", tanta liberdade física enfim mas que extenuam. Mas me sinto bem quando os esforços respiram. E à luz aqui, da janela, sinto na vaguidão uma amiga da realidade.
É. Impressiona-me, desde criança quando me vi adulto, e me vi adulto pensando no mundo, tudo poder ser tão aberto. Desde ao descobrir, nas teclas de uma máquina de escrever, poder sentir as palavras se baterem num papel, letra por letra e formarem um sentido num branco luminoso que vai parar em mãos. E hoje, observo, calado, aos impactos, pouco a pouco, desperto como uma folha. E abro e fecho os olhos.SInto tanto medo de ser atingido
Sinto isso. Verdade.
Como se ao olhar as coisas, às pessoas eu pensasse algo que existisse e ainda não existe que é vago mas no meio de uma realidade. Uma palavra dita,ou não. Uma oportunidade em aberto. Esforços. E isso me deixa nervoso, não sabemos quantos impactos e os modos como os sofremos.
Impressiono-me como as folhas ficam cheias de impactos e meus olhos de uma forma tansformadora pudessem se enamorar de estarem parados. Como quando vemos uma imagem de arte e não só, e diretamente, de consumo ágil, funcional de qualquer coisa, não importa. Uma arte recebe, é impacto de impactos de seus meios. E um sofrimento e uma alegria de estar se elaborando, e elaborada parecer contemplar um sempre consigo. Ser consigo e generosamente.
Estava imediatamente ali não pensando bem no dia a dia, ou em arte somente. Nem em palavras, mas mudamente pensando neste rapaz e nesta moça que acabei de escrever sobre o que estavam fazendo.
O João, o diretor do jornal, mandara que os cobrisse, por indicação de um amigo jornalista que conhecia aos dois "performers", e disse com um ar de quem cita algo, e não leva muita fé, que fariam uma "perfomance" por aqui, pelo bairro. Que eu escrevesse.É uma palavra nova e aqui não é a Broadway, comentou indo beber água.
Fui na hora e perto do centro do comércio os vi. Se vestem com calções velhos amarrados na cintura por um cordão branco ( ela com uma camisa de manga curta, ele não) e andam no meio de todo mundo e falam coisas com sotaque nordestino, sério. Coisas de casal. Põem um dedo na cara do outro, andam, olham para trás. Até marcharam como soldados hoje de manhã. Depois bateram em suas próprias bundas.
Mais do que parecerem à população só loucos, quando faziam o número da estátua viva, à gente que parava, perguntando se era propaganda eles falam que precisavam de dinheiro para fazerem teatro, não entendiam? parecia que tinham era coragem! Aí escrevi que as pessoas se surpreendem. E que ele criam meio a um esforço que causa um impacto e por uma idéia maior. Foi aqui perto.
Fechei a matéria, perguntando o que diriam ao público quando chegassem lá? Sim, terminava assim, porque têm corpos e fôlego artístico admirável! Mesmo misterioso acontecimento, para tanta gente que passava sua ação era clara. E insinuei a pergunta, ao final do texto: se não seriam, futuramente, manchetes dos cadernos culturais?
Depois dali, conversamos num bar, bebemos uma cerveja e eles, mesmo mais para calados do que falantes, responderam ao que eu perguntava. Principalmente se com o tempo pensavam fazer a mesma coisa ou outra atividade? A partir daí é que me fizeram a pergunta se eu topava escrever para eles.
Bem, estou nessa, né. Eles acharam a matéria diferente. É. Deve ter sido a fé que pus neles. E a esperança, em tempos de insanidades muito rápidas.
Ontem o telefone tocou, já era bem de madrugada. Perguntaram se podiam dormir lá onde moro. Disse que sim, claro, mas que quase não aguentaria esperar eles, estava dormindo muito mesmo e estava largado, nem tinha tirado a roupa. Tinha tido uma festa. Tonho disse então se eu estava com alguém. Nâo era o caso. Se eu pudesse deixar a chave escondida na porta, mesmo porque ninguém a essa hora iria ver...porque se fosse para casa seria muito difícil para ele estar tão cedo no teatro O MAis da Vida. Eu tentava ser autêntico no meu sono, nem me lembrei de sentar no sofá. Falava tão baixo.
Falei que estava bem. Ouvi o barulho do telefone público se desligar e fiquei, meio absorto, a ouvir aquele sinal de desligado. Procurei onde estava a chave, tinha me esquecido da calça. Nâo acendi a luz da sala e abri a porta. No corredor, o silêncio. Coloquei encostada à porta e deitei de novo, sentindo que a chuva voltava a cair e que a madrugada era alta. Onde estavam?
Eu não tinha bebido, acordo com um tímido sol no rosto e fui à sala. Tinha tirado as calças. Ele dormia no chão. Achei estranho que não estivesse junto dela. Nâo deve ter dado no sofá. Não acordaram. Preparo uma pequena mesa. Mexi num, mexi noutro. Nâo falei nada nem pensei em outra coisa.
Moles se levantaram e ofereci cadeira para cada um. Os fiz sentar e nos pusemos a tomar café. Que pena, disse, que não tem um pão quentinho. Tonho ri, e Tônia me olha. Seus olhos sempre me impressionam. Claros e muito pintados. Suas mãos são cheias de anéis.
Respirei fundo,olhando para as minhas soltei mesmo uma baixo ái ái. Nâo tinha texto, nada para hoje e absolutamente não estava afim de qualquer contato com tecnologias de imagens ou entrevistas de rua.
Confessei isso, sinceramente. Já extenuado de tanto força que fazia para achar que tudo era preocupação e que isso era uma felicidade. Até me lembrar de contar para eles do prêmio! Ah ficaram felizes. Acariciaram meu braço e aí parei e sorri para mim, contente de escrever, ter algo. Isso emociona Tonho.
Tônia logo se pôs de pé e disse que eu nunca tinha falado nada de minhas atividades na internet e que queria ver e agora! Nunca a tinha visto rir. Ou mandando, mesmo brincando. A não ser imperiosamente calada.
O céu começava a ficar aquele azul esbranquiçado. Minha janela é quieta. Contei para eles do cara que gritou de madrugada e como eu tinha dançado ontem à noite. Ela logo disse que queria ler. Como se chamava o blog? Ele, de pé, leu alto o nome e se virou para mim, meio solene, calado. O sentido contemporâneo, e clássico quase me veio nesta hora o fitando de pé numa firmeza diria quase não real. Como pode? Indagava, sem palavras numa realidade que se suspendia. As nuvens supondo o mundo. A minha janela para a rua é quieta.
Depois, ela se sentou frente ao monitor: "Quem tem medo dos olhos de Leilane Neubarth".Leu. AS mãos se apertando. Sua voz cristalina. Tonho e Tônia e minhas mãos no queixo, ansioso porque de verbal mesmo, Semi-Esforço até agora não tinha nada!

TONHO

Tonho andou muito à tarde naquele dia.

o patrocínio

Tenho que ver com que roupa eu vou. Não tenho jeito para estas coisas.

resto de 5

que o João, diretor do jornal aqui, me pediu para cobrir ontem, e fui.cordão... e guitarras por todos os lados... "bateria completa", ouvi no rádio...também esta cantora famosa que diz ter tanta saudade...a vi chorando na televisão falando como as coisas eram duras...e uma apresentadora também, ouvi falar, que anou chorando na televisão... ah o telefone é Tônia... o que eles fazem é uma arte nova no país...mas usam a palavra perfomance...o que indica que são ambiciosos...querem saber se aceito mesmo ajudá-los na montagem deste show... bem, eu pensei, e como estava dizendo acredito nos tempos e nas alterações...marquei cedo, agora na saída. eu durmo muito. gosto do jeito dela delinear bem os olhos que ficam claros. e mais ainda gosto do jeito dele que parece meio largado mas é de uma beleza que às vezes vê-se claramente...

Quem tem medo de Leilane Neubarth

Nâoamazônicos.
Ela mostra notíciais cheia de pontos de exclamação, mais do que de interrogação. Os olhos de Leilane Neubarth são esta expressão, de uma país que exclama e não ufanisticamente. Quem tem mêdo?
Ela não, pois parece que, com segurança, sussura com sua voz grave. Pense em como para chegar a este ponto de âncora de telejornal ela não teve que insistir muito, teimar!
Daí uma combinação entre a estupefação das notícias e a exclamação amazônica, ótica, se faz diariamente. Alerta. Sussuro. Brabeza.
Seu trabalho exclamativo é diferente das vozes empostadas, posudas, importantes. È sincera, rouca mas clara.
Ouça só. QUando a noite começa. Depois da novela "ingênua" das 6 e a outra "nada" ingênua. Depois o jornal nacional de Brasilía e o "mundo" copiado segundo os padrões americanos. E aí tem a novela adulta
Ligue-se. Abra os olhos. Nâo entre em pânico, negativo. Seja afirmativamente exclamativo. Sussurante, grave.
Conheça a autenticidade valente da voz de Leilane Neubarth quando, por exemplo, se interrompe e confunde um pouco os papéis que tem à mesa. Retoma a voz, o fôlego, sim senhor, depois de arrumá-los à mesa e novamente encara, pronta, a câmera sem pedir desculpas.
Sim, depois de baixar os olhos cuida de ser ela trabalhando publicamente, exposta. Sem que corra perigo, porque, veja: Leilane Neubarth tem cabelo alvoraçado há muito tempo. Quem não vê?!
Outro dia vi uma foto sua, numa festa, com um vestido nada imediatamente global. Neubarth não é de hoje. Conhece-se bem.
Sempre foi muito comentada seu abrigo de cabelos Bructum. Um penteado novo a cada dia. Mas não eram penteados lá muito de se levarem à sério não. Convencionais, não. Verdadeiros improvisos desarranjados que indicavam muito bem sua luta capilar! E conseguiu! PROG que ela é.
POrque, claro, Leilane Neubarth está amazonicamente nas telinhas, como pode ser.
Imagine ao se pentear aqueles olhos que lhe falam, sua aflição em início de carreira ao lado de um boneco global. Com a atenção que Deus lhe dê, como não deve ter sido sua luta profissional pela imagem. POrque nem sempre houve esta tecnologia toda de hoje não, nos anúncios, nos salões.
Aqueles cabelos não tinham jeito, não se conformava. Aquela voz rouca não era sexy, nem oficial. E, notem, sussurante mas nada no sentido usal do termo. É algo maior, sem ser demagogicamente metida à séria, ou simpática.
Ela é PROG, gente!
Nâo deve ter sido fácil. Quem sabe?
E para ter assim imagem, digamos, não de jornalista elegante, simpática ou senhora bem casada mas sim uma imagem hum quase-selvagem hum no sentido de não ostentar a responsabilidade grave como a de um famoso casal que ostenta bom mocismo e elite no ar MAs Leilane Neubarth às vezes é outra. Depende do dia
Leilane Neubarth às vezes beira o pânico. Ao dar as noticias dos horrores da Cidade Maravilhosa seus olhos se abrem a um ponto, num sussuro grave, que acho que até muita gente deve deixar os lares! Sair da sala. Internetar, cozinhar. Mas Leilane está lá. Sem medo para sorrir com notícias agradáveis como se respirasse, fosse o natural. Ela que conhece seus cabelos, hoje já muito amansados.
À vontade, amazônica, e um certo "laissez-faire, laissez passer" porque ninguém é de ferro" e então ela sorri, e comenta meio entusiasmada,como se contasse uma novidade ou amenidade. Claro que isso é uma técnica do telejornalismo. Mas em Leilane Neubarth nada é postiço, ou só editoria. Como se soubesse como custam as coisas e aí ficasse à vontade também.
Leilane Neubarth é unha e carne PROG da cidade. Nâo saiam de casa. Uive, cale-se, BRUCTUM. Leilane Neubarth está no ar!
Nunca ninguém lhe dirá a idade. Soube avançar. Hoje até seus cabelos se acalmaram.Todo mundo pode voltar aos lares, deixar a internet ou a cozinha, sem mêdo. Leilane Neubarth garante ao afirmar, ao final do telejornal "muita paz". Ah Leilane Neubarth não é perigosa é exposta e discreta e milenária. Seu lado BRUCTUM está no PROG. sei nada da vida dela, não sei se você sabia.
Na televisão, seus olhos atentos, ardentes, veja, abertos. Você vê. São

PROG, o BRUCTUM 1

Tonho, de pé, ao lado do computador, fixa na minha direção a sua. Meio inclinado para a frente, cruza os braços no peito, talvez mesmo para se apoiar sua inclinação. Noto sempre como ele conta com um domínio físico, tanto que no palco, e na rua como quando os conheci,parecer, de forma bela, com um Frankstein. Assim, sua cabeça avança um pouco, à frente, à minha frente. Estou sentado no sofá achando que a elegia a Leilane Neubarth está de bom tamanho e que valeu aquela madrugada em que a digitei com muita, muita dor de cabeça.
Na minha sala fica a escrivaninha e o computador.E no quarto ao lado a estante, o guarda roupa, a cama e o abajur. A este sofá, e para mim, Tonho se dirige com sorriso se ensaiando,a se expandir, sem que se desperdiçasse, mesmo que Tonho parecesse não estar muito preocupado com desperdício, neste momento, pelo menos. Porque no palco ele procura uma precisão de movimento.
Que importante foi vê-lo assim. Bem chão e PROG,por se montar de um Bructum de coisas.Sem palavras, não sei como, caminhou até mim. Era perto, eu estava sentado perto, à frente do computador. Como se sugeriria passos em tão pouco espaço? Nâo deixo de ficar atônito!
Tônia, sentada à cadeira, frente ao computador,cadeira que quase se encostava ao meu joelho,sentado no sofá, estendeu sua cabeça para trás, torceu-se e, com visível esforço, vira o rosto para mim que estou sentado, ali, atrás, vendo aquela torção artesanal. Uma bailarina e acróbata PROG, sem dúvida.
Na cadeira, onde lera PROG, o BRUCTUM na internet, ela escancarava sua boca, não sei. Não sei porque gostaram tanto, quer dizer fiz uma idéia.Acho que não foi só para me agradar...teriam localizado algo que os interessou? Ah
Que vontade de agitar as mãos eu estava! Seria perfeito para comemorarmos estar os três, juntos, nesta manhã de um sol exclamativo. Ao invés de pensar o texto para o ensaio que continua hoje!É porque o outro quadro não está. Não está. Definido.O quadro seguinte.
Cara, Tonho me disse. Deu um passo e pegou nos meus ombros. Quis me levantar, como se fosse chamado para tal atitude. Pareceu. Ele se apóia nos meus ombros, com força de suas mãos os aperta. E apoiou-se nos meus ombros para impulsionar-se igual como quando abria Semi Esforço, ao início, quando apoiava as mãos nas coxas e se curvava um pouco para virar-se da frente da platéia, ao lado de Tonha, e se posicionar de frente para o fundo do palco.
Se impulsionou segurando em meus ombros e caiu para trás, no sofá! Nunca vi! Sentou-se ao meu lado,os pés quase me tocaram. Pés absolutamente PROG no ar.
Estava de calças indigo, como sempre, e a camiseta azul, seu bracelete de sempre, também, e pôs o dedo dobrado entre os dentes, rindo . Nâo sabe o que acho...disse, rindo para dentro. E aliás, continuou...é isso! Você pega uma destas imagens de tv, e a torna uma... radicalidade outra. Um Ser que se dirige para...uma fábula! É como nós fazemos! Hein Tônia? Animais!
Ao Tonho se entusiasmar assim, a ponto de falar isso depois de jogar-se, de costas, no sofá, me deixou cheio de impressões novas sobre ele. Nunca o tinha visto desta forma. Era como se estivesse começando algo.
Tônia tinha ido à janela, mãos apoiadas no parapeito disse que eu tinha razão. A janela era tranquila.
Tem muitos textos no BRUCTUM, o PROG, mas não disse, muito na minha. Afinal eram uma atitude urdida há muito tempo. Muito tempo de procura de seriedade, e bem de escrever.
Os textos jornalísticos eram uma coisa, tudo que tinha a ver com a matéria real era dito. Era dito. Mas outras incursôes, como neste BRUCTUM, o PROG, me deixavam procurando uma firmeza de um ponto de vista outro.Pessoal e fabuloso.

PROG, o BRUCTUM 2

Tonia retirou as mãos do parapeito, enfiou-as nos bolsos de trás, evidentemente masculina. Ela na frente, nós dois de lado. Ele à minha frente, eu frente ao computador. Quando Tõnia caminhava parecia que todas as nuvens do céu se moviam atrás dela Pela janela tranquila, até pelo quarto onde o abajur ainda não fora apagado, dsde ontem, quando deixei a festa na sala, parei de dançar, para jogar-me na cama,de mocassim e tudo!
Tonia passa para o quarto, olha a estante,folheia minha pilha de revistas de sacanagem. Ele pegaria Ulisses, capa dourada, primeira edição da editora Civilização Brasileira, tradução do filólogo Antonio Houais. Minhas pernas, dobradas no joelho,e os pés de Tonho sober minhas coxas.As mãos de Tonho, grandes, seguraram James Joyce que Tõnia estendeu com seu incisivo braço PROG.
um silêncio à beira de livros, revistas no ambiente quarto e sala com luz da janela, já que Tônia apagou o abjur de cabeceira. Agora que Tônia viu os títeres revolucionários e o papel de presente conservado na estante. Minhas mãos calejadas estavam bem apoiadas nas pernas de um Tonho muito
à vontade; e Tônia ficou nas pontas do pé, braços estirados para cima, agitando as mãos freneticamente.
Também tinha na estante CLockwork Orange, Quarup, Dom Quixote e Scott Fitzgerald, todos comprados em sebo, ao lado uns dvds de musicais americanos e cds e mais cds, de Nara Leão a Ivete Sangalo. Sem esquecer de Luciano PAvarotti e os primeiros Sandy e Júnior da fase pentelha, eu sempe dizia. Tõnia ao ver os títeres de feltro enlouqueceu de tanto agitar, agitar as mãos.
Nos empurramos num momento em que o astro rei era encoberto por nuvens e mais nuvens e caímos, juntos,na cama. Estrondo na minha cama de solteiro! Minha cama que fica no meio do quarto, e não encostada á parede. Os peguei pelas mãos que se apertaram. A vizinha do lado, dava para ouvir, cantava Let the Sunshine.
Tinha esquecido de vestir as calças enquanto Tônia se conectava ao PROG, o BRUCTUM. Passo as mãos nas calças indigo de Tonho, duras, azuis, novas. Parece um novo mundo aquele tecido rústico e de sofisticação azul-marinha. Está sem meias, mas seus sapatos são mocassins também, marrons, com fivela na frente.
Tônia numa camiseta branca, e seus seios pequenos, verdadeiras frutas brancas, as mangas curtas, e calça branca com botões dourados. Deitada de costas no colchão. Eu e Tonho, de lado. Sentimos um calor bom. O sol lá fora começava a ficar inclemente, antes de as nuvens se sucederem. Um sol muito forte. Suávamos depois de apertarmos muito nossos corpos.Mas não fomos carnais a ponto de penetrações e tal e coisa.
Me vesti depois, e me pus a escrever algumas cenas futuras de Semi-Esforço na página mesma de PROG, o BRUCTUM. Mais uma postagem, que durou até à noite. Enquanto eles pegavam num sono leve.
O telefone tocou.

o espetáculo pára. Tonico, o sonoplsata, pega o telefone, urgentemente. todos se alimentam (esta situação pode ensejar narrativa Antonionio, a continu

Larguei o lápis, quer dizer o mouse no lugar e cliquei em "salvar agora". Empurro a cadeira, frente ao pc, para trás.
Uma trovoada barulhenta mesmo aconteceu no céu e logo,logo iria recomeçar a chuva, depois do interlúdio.
-Quem fala?
-Sou eu, Tonico. Antõnio, você não vem não? Olha TOnho e Tônia ainda não apareceram e MArcello foi embora, quer dizer, não vamos ter iluminação para o ensaio! Estou testando trilhas e músicas incidentais com base no ensaio de ontem. Mas não posso fazer isso sozinho sem vocês, apesar do interior do teatro sair ganhando! Um refletor estourou! Mas MArcello não está aqui. Porque ele é que devia cuidar disso oras
-Eles estão aqui. Eu esboço a cena de hoje.
- É? Pô, só comi um sanduba hoje e Mate Leão, Antônio!
- E porquê não comprou uma barra de cereais? Hein?
- Não gosto dasquilo não! Antônio C riu do jeito que Tonico falou isso. Olha, como alguma coisa aí do lado, pendura. Depois a gente paga
-Aqui do lado? Qual a graça disso, Antônio!
-Ué, a de se alimentar perto do trabalho,ué! Olha segura as pontas, coma bem que á noite ensaiaremos. Olha, fica com a chave.
- E a faxineira? Nunca vi peça sem produtora, sem nada! E esse iluminador que inflencia Tõnia! Mas tá bem, e a faxineira? a pergunta que Antonio C não sabia como responder até dizer:
-Almocem junto, meu Deus. Ora veja, Tonico!