segunda-feira, 2 de junho de 2008

ESTAMOS SEM SOM. O AR CONDICIONADO ESTÁ DESLIGADO. E MARCELLO ESPERIMENTA LUZ

Demoro a escrever. Esperem.
Tonho e Tõnia têm os braços não tatuados na boca de cena do palco, OLharam para cima, para a cabine.Para Marcello que toca em seus óculos. Marcello, o iluminador.
Queremos passar a abertura do mini-espetáculoe Zito , sonoplasta, é um cara que não chega. A abertura. E nenhum sinal dele no saguão do teatro.
E a tarde é comprida. E palavras ainda tardam. Atravesso o palco com o objeto de cena jornal na mão. Atravesso o espaço até o fundo onde me posiciono sem pressa.Meus pés andam, é verdade...parece dizer, às vezes, a cidade. A cidade à tarde.
Neyde , atrás da última fileira de poltronas, cabeça recostada nas mãos que seguram a vassoura presta atenção, de longe, no palco
Marcello acende spots. Liguem-se!
Tonho e Tônia firmam-se em seus pés ( posso imaginar as plantas dos seus pés que foram fotografados por Zito, acredita?). Zito demorou.
Recolhi os dedos. Olhos abertos ao Marcello acertar a luz.ÊI tenho vontade de gritar: ÊI ! Tonho , acesso pela luz amarela de Marcello, larga os braços ao longo do corpo e Tônia dá um grito agudo.Abre-se um esgar em meu rosto que estou com um jornal na mão,sinto meus dedos. Dedos que digitam.Tonho coloca as mãos em suas coxas; Tônia, mexe em seus cabelos curtos pintados. Marcello toca em seus óculos. Estamos sem som. O saguão do teatro está vazio.

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