quinta-feira, 8 de maio de 2008

Meus braços( segundo capítulo)

Esteou de pé, meus pés se apóiam e abro e fecho as minhas mãos, antes mesmo de me curvar, quando de pé vejo Tônia mexer os lábios, balbuciar. Fico com necessidade de fazer isso, como se fosse uma força esgotante a até certo ponto, quando, então, corro para o fundo do palco onde nosso escritor parece que se contagia, e avança balançando os braços sem parar. Balançando os braços, o Dilermando me passa uma impressão tão forte, principalmente se lembrarmos que ele escreve, é jornalista. Estou parado no palco, e ao invés de chiar "flashs" queria que depois do áudio da Tônia parasse, eu ou ela começassemos a dizer poemas, uns que gosto. Do MAnoel Bandeira tem Pneumatorax, do Drummond tem Sentimento do Mundo, tem uns que comecei a aprender e que vi pela primeira vez na abertura daquele filme, o Terra em Transe. É do...me esqueci do nome dele agora, aliás achar a antologia dele não é fácil, é o... Mário Faustino, ufa!
Eu o decorei, noutra hora eu arranjo um lugar para eles. Nunca encontro lugar para falar poesia!É que sou um cara que amo a arte e não me vejo somente como performer, ou ator como Tônia quer colocar na minha cabeça.
Tônia balbuciou, mexeu os lábios antes de corrermos. Sei que deve estar com alguma idéia. A que gostaria é que fosse ela contar como nos conhecemos, verdade. Estávamos na rua, pertos, quando um bando de moleques invadiu aquela escola e começou uma grande gritaria! Nós olhando, do outro lado da calçada, bem que ela quis se aproximar mas eu, perto, disse para ela que já devia ter gente chamando a polícia e ia sobrar para nós. Realmente, um carro de choque chegou em uma meia hora, mais ou menos. Tinha muitos gritos e eu quis tanto poder ser um herói, mas só fiquei em guarda, olhos muito abertos, até Tônia me puxar pelo braço quando os policiais descerem do carro de choque e foi correria e pancada. Ela puxou meus braços pela segunda vez. Senti um toque no antebraço e aí corremos, corremos naquela avenida! Depois, meio rindo e meio sérios nos sentamos num botequim e ao sairmos, saimos com telefones trocados. Já era noite, eu a coloquei num ônibus, porque ela disse que não se sentia bem em táxis, mesmo, frisou, com dinheiro. Ela disse, meio que rindo de lado, fazendo um esgar. Eu ofereci meu braço para ajudá-la a subir no ônibus. Ela deu um tapa no meu ombro, riu de novo e, palpebras baixas, entrou na condução.

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