domingo, 25 de maio de 2008

ZITO, o Sonoplasta que vem da rua é sofisticadamente erudito, e silencioso.

2O silêncio do palco não é o mesmo, ou igual, ao silêncio da sala de espera onde Zito está chegando. Zito chega. Nosso músico, e sonoplasta. Neyde rapidamente o olha. Está atrasado, ouve-se sua respiração. Tonho e Tônia sob luz tênue do Marcello ( nosso iluminador, que, inquieto, aí vai começar a mexer na luz ) parecem imersos entre movimento e pausa. Agitação e silêncio, e com atenção, imobilidade que parece de passarinhos em fios de eletricidade.
É como digo no blog : há certo distanciamento quando a realidade é suspensa para mostrarmos aspectos que, eles dizem, devemos lutar para trazermos para a cena.
Os cabelos de Tonho caem à testa à procura de expressão sem muita preocupação imediata. Os cabelos de Tõnia, pintados de louro " por causa da moda ", ela já disse, debochada, estão fixados a gel. Tonho a acha " incrível " porque, enfim, ela é quem conseguiu o patrocínio de uma rede de supermercados. Isso mesmo! Ela conseguiu. É incrível; passou as mãos nos cabelos curtos, vincando um pouco o sorriso; e sem gel. "Sabe-se lá o que fez", eu disse naquele dia para eles rirem. Ela, então, baixou, firme, o arguto olhar, e disse um palavrão, "puta que pariu", com sorriso revelador, de lado, que Tonho aplaudiu. Estão sérios. Silenciosos.
Os braços de Tonho são fortes e tem mãos grandes como se pode pensar que um trabalhador tenha. Tônia é magra, "sexy", sempre fala acompanhando-se de um trejeito de Carmem Miranda. Ela adora a voz de Carmem Miranda. Vive num quarto.

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